domingo, 23 de fevereiro de 2014

Um pedido das estrelas: o Planetário Digital

A espiralada via láctea.
A Astronomia estuda, dentre diversos assuntos, a origem e evolução do universo e, apesar de ser uma das ciências mais antigas do mundo e de ser fascinante, o ensino de Astronomia no Brasil é feito de forma superficial e com base em concepções alternativas de professores e alunos. Essas concepção prévias do universo são muitas vezes corroboradas por conceitos errados presentes nos próprios livros didáticos e na fala dos docentes. Nos últimos anos, astrônomos de todo o Brasil têm somando grande esforço para mudar esse cenário.

Alguns erros conceituais comuns presentes nos livros e nos discursos dos professores são a atribuição das diferenças entre as estações do ano à distância da Terra em relação ao Sol (sabe-se que a causa principal das estações do ano se deve ao fato da variação de calor recebida pelos diferentes hemisférios da Terra em função das diferentes posições desses hemisférios em relação ao Sol ao longo de um ano completo), a interpretação das fases da Lua como sendo eclipses lunares semanais (quando na verdade essas fases ocorrem devido à Lua mudar a sua aparência em razão do seu movimento em torno da Terra, em relação ao Sol, que ilumina determinadas porções da Lua, ao orbitar o nosso planeta), a concepção da existência de estrelas entre os planetas do Sistema Solar (as estrelas estão a distâncias bem superiores as do Sol em relação à Terra), dentre diversos outros equívocos comuns nos livros escolares e na fala dos docentes. Em adição a isso, os livros e os mestres muitas vezes falham de forma exemplar no incentivo à observação prática de fenômenos astronômicos.

Para mudar essa realidade, astrônomos buscam meios de capacitar professores do ensino fundamental e médio e levar a ciência para os colégios como uma tentativa de tornar o assunto mais atrativo para as crianças e adolescentes e para os educadores. Nesse sentido, a Sociedade Astronômica Brasileira realiza desde 1998 a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) que busca capacitar os mestres e encorajar os alunos interessados no assunto a aprofundar seus conhecimentos através de uma competição.

A olimpíada é realizada com a aplicação de provas para diferentes níveis que vão desde o ensino fundamental até o ensino médio, além da realização de atividades práticas noturnas e diurnas, como a localização de constelações, a construção de um relógio solar e a comparação dos volumes entre a Terra e a Lua. No final da disputa, os alunos são premiados com medalhas e certificados de participação. Aqueles que se destacam são selecionados para participar da Olimpíada Internacional de Astronomia, que em 2014 vai acontecer no Quirguistão.

A OBA do próximo ano (2015) provavelmente vai contar com uma grande novidade, um PLANETÁRIO DIGITAL. Esse planetário será uma estrutura inflável itinerante que terá apresentações audiovisuais interativas e educativas. O principal objetivo é preparar professores e educar os jovens, fazendo com que o ato de olhar para o céu se torne rotineiro e a Astronomia um assunto familiar para todos. Para que isso se torne realidade, os organizadores da Olimpíada estão arrecadando fundos para a compra do equipamento e você pode ajudar diretamente fazendo uma doação da quantia que quiser e puder. É só acessar esse link:


Planetário digital. 
Ajudando essa causa você vai contribuir diretamente para um ensino básico melhor e mais completo para milhões de crianças e adolescentes no Brasil e vai estimular professores e futuros educadores a ensinarem de forma correta e mais entusiasmada essa disciplina tão fascinante. Ajude a mudar cara do ensino brasileiro.

Para entender porquê a OBA está fazendo essa vaquinha leia esse texto do blog Meio Bit e assista este vídeo do Pirulla.
Para ler mais sobre dificuldades interpretadas nos discursos de professores em relação ao ensino de Astronomia, clique aqui e aqui.
Para saber mais sobre erros conceituais comuns presentes em livros didáticos de ciências, clique aqui.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

[Zoologia em foco #1] O tamanduaí

Tamanduá bandeira e sua língua comprida.
Foto: Animais em destaque.
Os tamanduás são interessantes mamíferos que podem ser facilmente identificados por várias características, como a cabeça alongada, a boca desprovida de dentes e uma língua muito comprida e pegajosa. O mais famoso desses animais é o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758) que é conhecido devido a sua beleza e grande tamanho. Porém, dentro do grupo que inclui todas as espécies de tamaduás (a ordem Pilosa, subordem Vermilingua) existem outras três espécies de animais igualmente bonitos e interessantes, que são o tamanduaí (Cyclopes didactylus (Linneus, 1758)), o tamanduá-do-norte (Tamandua mexicana (Saussure, 1860); única espécie que não ocorre no Brasil) e o tamanduá-mirim ou tamanduá-de-colete (Tamandua tetradactyla (Linneus, 1758)).

O tamanduaí é um pequeno mamífero (possui cerca de 50 cm de comprimento) que habita áreas florestadas desde o México (região mais ao norte) até a Bolívia, passando pela Colômbia, Venezuela, Trinidad, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil. Nesse link pode ser visualizado um mapa que mostra toda a área de distribuição da espécie. 
Tamanduaí em sua típica posição de defesa.
Foto: Pedro Freire Dias
No nordeste Brasileiro existe uma população que está separada das outras por mais de 1000 km. Como essa área sofre intenso desmatamento, esse grupo de indivíduos está sob séria ameaça de extinção. Já o restante das  populações de tamanduaí possui grande área de distribuição, principalmente na bacia amazônica, e havendo pouca preocupação quanto a seu risco de extinção. Infelizmente, em algumas áreas é comum encontrar esses animais mantidos em cativeiro e, uma vez encarcerados, esses animais morrem em poucos dias.

A biologia de populações selvagens é pouco conhecida. Sabe-se que os tamanduaís são animais noturnos, arborícolas, que os machos são solitários e que as fêmeas dão à luz a somente um filhote por ano. Machos e fêmeas são territorialistas; o território de uma fêmea não cruza com o de outra e o espaço do macho geralmente abrange o de duas ou três fêmeas, de tal forma que ele sempre tem fêmea(s) a sua disposição. 

O principal alimento dos Cyclopes didactylus são formigas e cupins, mas outros insetos, como abelhas, também podem entrar na sua dieta.  A cauda é preênsil e auxilia o animal a caminhar sobre galhos. Nas patas dianteira estão presente duas garras grandes e proeminentes que são utilizadas para abrir cascos de árvores, cupinzeiros e formigueiros em busca de alimento e para proteção quando se sentem ameaçados. 


Fonte e mais informações:
Superina, M., F.R. Miranda, & A.M. Abba (2010). The 2010 Anteater Red List Assessment. Edentata 11(2): 96-114.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Quadrinhos e zoologia parte 2

Quem acompanha o blog lembra que há alguns anos um trabalho muito interessante e inovador integrando a zoologia e o mundo das Histórias em Quadrinhos (HQs) foi apresentado num evento científico da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Esse projeto de investigar a associação de personagens das HQs com a zoologia continua a pleno vapor encabeçado pelo professor Elidiomar Ribeiro da Silva e anda rendendo muitos frutos. Outros trabalhos  abordando o mesmo tema foram apresentados em eventos regionais no Rio de Janeiro e nesse ano de 2014 o projeto foi levado para o XXX Congresso Brasileiro de Zoologia. Dessa vez o tema central foram os aracnídeos e o resumo enviado para o evento nacional foi intitulado “Os aracnídeos como inspiração para personagens dos universos DC e Marvel”. Como era de se esperar, o poster apresentado foi um sucesso e teve enorme repercussão. Como resultado, o ilustre professor Elídiomar foi contatado e concedeu uma excelente entrevista para o blog Gene Repórter, na qual fala sobre o trabalho exposto e a importância do uso de HQs no ensino de ciências. Vale a pena conferir!

Entrevista com um entomólogo - Elidiomar Silva
Prof. Dr. Elidiomar Ribeiro da Silva é entomólogo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Recentemente, no XXX Congresso Brasileiro de Zoologia, seu grupo apresentou um trabalho inusitado no sisudo meio acadêmico: uma análise demográfica de personagens de quadrinhos de super-heróis das duas principais editoras do ramo (Marvel Comics e DC Comics) inspirados em aracnídeos. Foi o Luiz Bento, do Discutindo Ecologia, quem me chamou a atenção para o trabalho.

Abaixo reproduzo a íntegra da entrevista gentilmente concedida via email por Elidiomar Silva (e, ao fim, o resumo do trabalho).

Continue lendo aqui.

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